O PÁSSARO NOVO PARTIU – Luiz Penha
Pássaro novo foi o último trabalho
musical lançado por Ivanildo Cortez de Souza (Ivanildo Penha), em 2012,
contendo 15 canções autorais.
Conforme palavras do médico Napoleão de
Paiva Souza, proferidas na despedida ao colega de escola, faculdade e parceiro musical,
ambos participaram de vários festivais de música de Natal e região, no final
dos anos 1960/70, obtendo as primeiras colocações em quase todos eles.
Um dos primeiros registros do trabalho
musical de Ivanildo foi no long play Reencontro, lançado durante o governo
Cortez Pereira (1971-1975), com a música Mística, parceria de Ivanildo com
Napoleão.
Posteriormente participou do Projeto
Memória, da UFRN, com a canção Touros, no log play Projeto Memória – 7, e da
série Médico Popular Brasileiro, CDs lançados com composições de médicos
potiguares, iniciativa da Unimed/Natal.
Ivanildo sempre foi um homem devotado à
cultura, especialmente à cultura tourense. Em 1989 criou a Fundação José Porto
Filho, juntamente com outros sonhadores como ele, na perspectiva de Touros ter
uma instituição cultural que fomentasse as manifestações culturais locais.
Sua primeira iniciativa foi comprar a
casa mais antiga de Touros, o casarão onde residia Manoel Cândido, para a casa
preservada e tombada passar a ser o museu de Touros e abrigar o Marco de
Touros. Sonhou, acreditou, realizou, mas não viu concretizado o seu sonho e de
seus parceiros, pois não dependia apenas de seu esforço ou do esforço da
instituição cultural.
Em 1989 a fundação cultural reeditou o
livro Emoções Rimadas, obra do poeta e ex-prefeito José Porto Filho.
No ano 2000 lançou o CD Touros –
Ivanildo Penha e Convidados, reunindo o cancioneiro tourense, canções que hoje
encontram-se nas mídias digitais.
Em 2019 participou do CD do primo
Carlos Penha, Nossa Praia Em... Cantada, sendo essa sua última participação
cultural.
Ivanildo era assim: um homem intenso,
apaixonado, sem medidas no que tange a acreditar e investir na cultura. Sua
paixão por Touros era sem dimensão e sua poesia retratava essa intensidade e
sensibilidade quando escreve e canta na canção NA NATUREZA, “...Touros tem uma
tolice que insiste em deixar tão triste aquele que dali partiu/sem saber se
algum dia vai poder voltar/Ter alegria de dizer do seu amor...”
Ou no hino do município, o HINO DE
TOUROS, oficializado em abril de 2001, produzido a pedido do prefeito, à época,
Josemar França,
“...Quando em mim a vida for embora/sei
que nada foi em vão/levarei a mais doce ventura/de ser filho deste chão...”
O pássaro novo partiu, nos deixou
chorando e cheios de saudades, mas ficou o seu canto, o seu legado cultural e
sua memória.
“...Enquanto existir na memória, o véu
da tua história sobreviverás...”
POR JOÃO NELO DA LAN HOUSE